Como anunciei aqui, no passado Sábado dia 23 de Outubro houve uma conferência no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, presidida pelo Mestre Carlos Boavida e cujo tema eram as escavações arqueológicas efectuadas no castelo de Castelo Branco entre 1979 e 1984 e ainda em 2000.
Sendo honesto, eu não tenho grande interesse no espólio encontrado per se, interessa-me mais o que o espólio nos diz que aconteceu por cá. Portanto a análise detalhada, excelentemente argumentada e documentada ao espólio existente não me cativou, mas a fase inicial, em que se falou do meio envolvente, história da cidade e, em particular, do castelo de Castelo Branco foi interessantíssima. Muito daquilo que eu penso foi dito, aprendi uma ou outra coisa e o Senhor Salvado (que participou em todas estas escavações arqueológicas) ainda ofereceu algumas informações úteis à discussão final (que durou até estarmos todos à porta do museu).
Compareceram na conferência umas 12 pessoas, não sei se é um número bom ou mau, e ficou prometida - pela directora do museu - uma nova palestra / conferência envolvendo a mesma área de estudo para o mês de Novembro (apesar de eu ter ouvido Janeiro, corrigiram-me dizendo que era Novembro).
Cá fora falou-se da pseudo falta de água que afligiu Castelo Branco durante séculos, do torreão semi-redondo (chamam-se cubelos na verdade) que supostamente as escavações de 2008 encontraram e que precede as datas de Duarte D'Armas (esta informação é extremamente importante, visto que cubelos são uma vertente arquitectónica muito usada em castelos templários como Tomar e Almourol - esta informação é tão importante que merece um post só para si!), falou-se na Judiaria - há quem veja a judiaria por todo o lado - e ainda na falta de fontes sobre a cidade de Castelo Branco na própria cidade.
Antes disso, ainda dentro do 'auditório' falou-se na falha que passa o monte que o castelo reina, discutiu-se sobre o famoso Quadrado 118 - quadrado esse que finalmente percebi onde é, após tantas discussões que ouvi sobre o mesmo -, falou-se no entulho que foi colocado no castelo aquando da construção da Escola que ainda reina a alcáçova - aqui eu fiquei desiludido por ninguém ter reparado / referido que o piso inferior do Palácio dos Comendadores ainda lá deve estar -, falou-se nas troneiras que estão na Igreja de Santa Maria - discussão também merecedora de um grande post -, foi referido imenso espólio que aparentemente desapareceu e foram até iniciadas algumas discussões que honestamente não percebi qual o objectivo, pois não entendi sequer os argumentos. lol.
E sabendo que estou a analisar isto do fim para o início (também leio jornais ao contrário!), agora vou falar da palestra em si. A apresentação estava muito boa, o orador conseguiu ser coerente e debitou informação a elevada velocidade, conseguiu transmitir os pontos fulcrais e não aborrecer aquando da amostra do espólio. O Mestre Carlos Boavida deu-se até ao trabalho de implementar um mapa do castelo com a sua interpretação de como seria a planta do mesmo, acrescentando informações descobertas com as intervenções arqueológicas (para mim, a melhor página da apresentação). E a informação passada foi imensa, principalmente na amostra de espólio em que foi notório o esforço efectuado para encontrar paralelismos entre as peças encontradas no castelo e peças já estudadas de outras partes do país (no caso de botões e alfinetes, do mundo).
Enfim, apanhei muito mais informação do que aquela que escrevo aqui, mas este post vai longo e já foquei os pontos que considero importantes. All in all, gostei da conferência, perdi uma hora de futebol mas valeu a pena. Espero honestamente ver mais palestras sobre o castelo, mas duvido que venham a acontecer...
Mas Castelo Branco tem castelo?!
Kenny.